Memória Poética: Juão

Memória Poética: Juão

  • Coletivo Estopô Balaio
  • 02 de Outubro de 2015

O Ateliê de Teatro, desenvolvido por Juão Nin e Adrielle Rezende, no Coletivo Estopô Balaio, promoveu uma oficina no Senac Santana, em São Paulo, intitulada "Memória Poética". A proposta era que cada participante levasse para a oficina um postal poético sobre a própria memória com a seguinte pergunta:

"Qual parte do meu corpo também é memória?"

Alguns deles, publicamos aqui no nosso diário. Este é o do Juão Nin, ministrante da oficina:

 

"Por que não usa sutiã?", "peito de cadela!", "peito de pudim!", essas eram as frases que eu mais ouvia. Não bastam as espinhas? Puberdade é o inferno da adolescência. Na piscina eu não conseguia tirar a camisa. Tinha dias que eu dava socos e empurrões como quem gritava:

- voltem pra dentro, virem planície!

Nenhum amigo tinha os peitos como os meus, até cheguei a pensar que era hermafrodita quando deles saiu um pouco de leite. Meus pais achavam que com exercícios físicos resolveria, a gordura foi embora, as mamas ficaram. Nunca fui tão feliz quanto no dia da cirurgia :

G I N E C O M A S T I A.

Entendo completamente os homens trans. Na minha geografia desprezo montanhas.

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
OK