Carta 3: A velhice, o artista

A “Carta 3 - A velhice, o artista" conta a história de Sr. Vital. Nascido em Mariana (MG), na roça, saiu de lá em 1964, para tentar a sorte na famosa cidade de São Paulo. O destino profissional do Sr. Vital cruzou diversas metalúrgicas, em épocas que o sindicalismo era bastante forte, vivenciou lutas e os desdobramentos trabalhistas do período. Mas o sonho do Sr. Vital sempre foi tocar sanfona. E foi só na sua aposentadoria que um empréstimo bancário fez o sonho virar realidade. E hoje ele toca, toca por aí, pelo prazer de tocar. 

O Sr. Vital se envolveu no assunto “cartas e Estopô Balaio” quando ofereceu sua música como ferramenta para encorajar os transeuntes da estação de trem do Brás a escreverem cartas, por meio dos integrantes do coletivo. Ele, que estava em processo de alfabetização, aproveitou o ensejo e se permitiu escrever cartas para os amigos.

Em cena, a história do Sr. Vital rememora seu passado de metalúrgico, sua infância e as privações da velhice. Partindo da estação Brás, com destino a Rio Grande da Serra, a partir das janelas do trem é possível ver muitas paisagens, como a de fábricas abandonadas e trens antigos, que revelam a mobilidade urbana dos anos 60. Os rios lameados que cortam o trajeto, remetem à sua infância, e provocam a pensar na cidade natal de Seu Vital, Mariana, e o Rio Doce, afogado pelo descaso dos homens que acham que são donos do rio. Nas inquietações sobre a velhice, o Sr. Vital questiona o confinamento dos idosos em asilos - privados de sua liberdade sobre essa escolha.

 

“Nos Trilhos Abertos de um Leste Migrante”, é um projeto que envolve um tríptico, três histórias sobre sonhos, fugas e lembranças de Martha e seu filho Erik, Janaína, e do Sr. Vital, (i)migrantes que saíram da Bolívia, de Pernambuco e de Minas Gerais, respectivamente, para construir novas narrativas pessoais na cidade de São Paulo. São eles:

Carta 1 - A infância, promessa de mãe.

Carta 2 - A Vida Adulta, a mulher

Carta 3 - A velhice, o artista

Durante o processo de criação do espetáculo, o grupo se dispôs a escrever cartas na estação Brás da CPTM, para quem quisesse ou precisasse dessa escrita. Surpreendidos pela quantidade de boas histórias, separaram três delas. Foi ali que conheceram seus personagens, suas histórias e trajetórias (e desfechos).


O espetáculo que acontece no trem teve estreia em 2017, fazendo tempoarada até 2018.

Foto: Andre Cherri

 

 

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