RESET BRASIL

Desde 2020, o Coletivo Estopô Balaio segue para uma nova empreitada, um mergulho profundo em si, na trajetória migrante e na retomada indígena que perpassa a maioria dos integrantes do grupo. Nasce o sonho da TRILOGIA DA AMNÉSIA, composta pelos espetáculo RESET NORDESTE (versão online, planejamos construir uma versão presencial), RESET BRASIL (que estreia em março/2023) e RESET AMÉRICA LATINA (que ainda não iniciou o processo de montagem).

 

Em RESET BRASIL, trazemos a pesquisa e provocação de Juão Nyn, ator do Coletivo e indígena Potyguara, para a cena, bem como nossa inquietação como artistas migrantes, em sua maioria vindos do Nordeste, e desterritorializados.

 

Nosso fazer artístico sempre esteve voltado para a zona leste de São Paulo e para o resgate da oralidade e das memórias. Como migrantes nordestinos, encontramos no Jardim Romano um lugar de pertencimento. Antes de ser Jardim Romano, Itaim Paulista ou São Miguel Paulista, essa região pantanosa era chamada de Ururay. São Miguel Paulista é palco desta história, tanto porque é o bairro paulista com a maior concentração de nordestinos fora do Nordeste, como porque foi palco para uma importante resistência indígena na época de São Paulo colonial. Foi do aldeamento de Ururay que saiu o cerco do Piratininga, em 1562, uma das maiores resistências indígenas contra a escravização e catequização dos povos nativos. Ururay é um território que compreende os atuais bairros de São Miguel Paulista, Itaim Paulista e Jardim Romano, desta maneira nos sentimos reconectados com o levante desta terra. A Capela São Miguel Arcanjo, também conhecida como Capela dos índios, foi construída pelos indígenas e jesuítas em 1622 e completa em 2022, 400 anos e está localizada na Praça do Forró, ponto final do espetáculo.

 

Quando o historiador indígena tupinambá, Casé Angatú, durante a pesquisa deste espetáculo, nos revelou as imagens dos primeiros migrantes nordestinos para São Paulo, reconhecemos corpos indígenas. Como nos disse Casé, “para saber sobre a ancestralidade das pessoas negras, indígenas e nordestinas de São Paulo, é preciso ouvir a oralidade e os sonhos”. É nisso que acreditamos. A dramaturgia de RESET BRASIL está pautada na memória, nos sonhos e nas narrativas orais dos moradores do Jardim Lapena e redondezas.

 

SINOPSE: O público é convidado a sonhar rotas de fuga para o Brasil. Ao embarcar no trem, rumo a São Miguel Paulista, mergulha em um transe: o Brasil sumiu do mapa. Munidos com aparelhos sonoros, o público vai sendo guiado por vozes de crianças e anciãos que falam em português e em diversos idiomas nativos. O público desembarca em São Miguel Paulista e é recepcionado por um levante indígena no Jardim Lapena. Aos poucos vai descobrindo que o antigo aldeamento Ururay ainda resiste e planeja um novo cerco. Os moradores, as crianças e os artistas vão se revelando a partir de suas ancestralidades: indígenas vindos de África, de Abya Yala, benzedeiras, pajés, nordestinos. Numa espécie de sonho lúcido, os personagens não se aquietam diante do pesadelo Brasil e constróem novas narrativas, contra coloniais. Para sonhar outro mundo é preciso voltar a dormir e São Miguel Paulista tem vocação para isso: é um bairro dormitório.

 

Clique aqui para visualizar o release.

Serviço
Ficha Técnica
Elenco
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
OK