Produção cultural periférica em São Paulo - SP: o drama da urbanização e suas representações artísticas

Esta tese analisa os processos artísticos inseridos no contexto da produção cultural periférica contemporânea na cidade de São Paulo - SP, sobretudo no que concerne aos seus nexos com a geografia e o processo de urbanização da metrópole. Parte-se do pressuposto de que a produção cultural periférica, ao longo de sua trajetória nas ultimas décadas, se constrói como uma resposta à desigualdade socioespacial produzida ao longo da história territorial de São Paulo e no bojo da urbanização corporativa. A imposição da oferta desigual de equipamentos culturais em determinados lugares da metrópole é contextualizada em direção à tessitura das redes de coletivos culturais, que nos últimos anos despontaram como importantes atores políticos na luta pela implementação de políticas públicas específicas para a produção cultural periférica, entre outras demandas. Nesse sentido, recupera-se a importância do legado da tradição de teatro de grupo no campo da formação artística e política em São Paulo, a qual também se entrelaça com os conteúdos críticos da urbanidade e com a trajetória de coletivos culturais. Trabalha-se com um conjunto de hipóteses: a primeira é que contexto o socioespacial e as ações que se forjam na conjuntura da experiência urbana são matérias-primas do processo criativo de coletivos culturais. A segunda é que as obras que são produzidas no contexto desta produção cultural periférica, por sua vez, são portadoras de um projeto de cidade materializado em representações da urbanização através de linguagens artísticas. A terceira é que este projeto de cidade propõe usos contra-hegemônicos do território, situando a arte e a cultura e como práticas fundamentais da cidadania. Como exemplo de obra de arte que corresponde às representações geográficas da urbanização inserida nessa rede de produção cultural, analisa-se o processo criativo e o impacto do espetáculo teatral "A Cidade dos Rios Invisíveis", do Coletivo Estopô Balaio, o qual articula ações culturais a partir do bairro Jardim Romano, no extremo leste da periferia de São Paulo - SP. O espetáculo é traduzido à tese a partir dos dados obtidos em trabalho de campo, realizado em caráter imersivo na metodologia da observação-participante e percursos etnográficos, bem como do diálogo com sua dramaturgia

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