Isto não é um mapa: Teatro e Território - conviver recriando a cidade

 O Sesc Bom Retiro realizou, até 13 de novembro, a 4ª edição do projeto Isto Não é Um Mapa, com o tema Teatro e Território - conviver recriando a cidade. Realizada pelo Sesc São Paulo esta edição da mostra conta com a parceria do Museu da Língua Portuguesa, Museu da Energia, Casa do Povo, Teatro de Contêiner, Ocupação Mauá e Quadra da Gaviões da Fiel, que recebem algumas das apresentações.

A programação reúne em espetáculos, intervenções e bate-papo o Coletivo Estopô Balaio, a Zózima Trupe e a Cia. Mungunzá de Teatro

A mostra Teatro e Território: conviver recriando a cidade encerra a edição sobre Direito à Cidade do projeto Isto não é um mapa, aproximando três grupos de teatro sediados em regiões diferentes da cidade de São Paulo, cujas travessias são profundamente imbricadas pelas relações estabelecidas com os territórios onde residem artisticamente.

“Esta é uma cartografia possível das relações entre teatro e território, com ênfase na construção de outras narrativas de cidade como lugar de convivências criativas", conta Affonso Lobo, animador cultural do Sesc Bom Retiro e curador da mostra.

Cada repertório propõe formas de conviver produzindo sentidos na cidade. O teatro do encontro sem fronteiras da Zózima Trupe evidencia a luta pelo que é coletivo e público, pela memória e cultura do povo. A Cia Mungunzá de Teatro apresenta esta linguagem como arte, saúde, defesa dos Direitos Humanos, assistência social, lazer, educação, geração de renda e moradia. O Coletivo Estopô Balaio recria em seu trabalho a vida para que o corpo não sucumba ao esquecimento, por meio do teatro das narrativas racializadas em oposição à invisibilização e à naturalização de violências.

PROGRAMAÇÃO

O espetáculo Os minutos que se vão com o tempo (dia 8/11, terças, às 19h), da Zózima Trupe, é uma jornada de trajetos afetivos e geográficos, proposto por figuras que alteram a percepção do cotidiano no transporte coletivo, local onde é encenada a peça, se propondo a acompanhar os passageiros em seus variados destinos. Tem como ponto de partida o Terminal Princesa Isabel – Plataforma 3 (próximo aos caixas eletrônicos) e segue viagem dentro do ônibus da linha 5144-10 (Terminal Sapopemba) com destino ao Terminal Sapopemba. Grátis (valor da passagem para embarque no ônibus de linha urbana). Livre.

Em parceria com o Museu da Língua Portuguesa, serão realizadas no Saguão da Estação Luz quatro ações do Coletivo Estopô Balaio.

No cortejo musical Algum Destes é seu parente? (dia 10/11, quinta, às 12h), os artistas, portando estandartes com fotos de seus parentes indígenas e de outros migrantes nordestinos indígenas que chegaram em São Paulo, cantam músicas do novo espetáculo do coletivo, RESET BRASIL, que trata da memória indígena dos bairros Jardim Romano e São Miguel Paulista. Grátis. Livre.

Já na intervenção Escrita de cartas (dia 11/11, sexta, às 12h), os integrantes do coletivo munidos de uma mesa, um banner, canetas, envelopes, papeis e selos, além de uma máquina polaroid para o envio de fotografias dos remetentes junto delas, convidam as pessoas a produzir cartas e enviá-las, uma possibilidade de aprofundar a escrita de si e o diálogo com o outro, estimulando o convívio no espaço público. A ação conta com um sanfoneiro, que embala o encontro com músicas que atraem os transeuntes. Grátis. Livre.

Os Manifestos para Amanhã Ser, da Zózima Trupe, evocam desde as saudades dos encontros, afetos e abraços até a defesa da democracia e a importância da política feita e vivida no cotidiano. São cinco manifestos, sendo dois inéditos, que contaram com a colaboração de diversos artistas e grupos, cada um tendo como ponto de partida uma retomada: da festa, da cidade, do futuro, da palavra e da arte. Os temas propostos são pontos de partida possíveis para dar conta de uma multiplicidade de esferas da cultura que agem e influenciam a vida. O que se pode festejar em tempos tristes? Como se elabora um luto coletivo? A cidade algum dia foi nossa? A palavra ainda diz? Haverá um futuro a ser retomado? No hoje, é possível imaginar o amanhã juntes?

As apresentações acontecem em deslocamento, a partir do embarque em um ônibus da Zózima Trupe em diferentes locais, que circula no entorno e retorna ao ponto de partida. Os ingressos podem ser retirados com 1h de antecedência no local, e as apresentações são gratuitas e com classificação indicativa livre.

Manifesto para Amanhã Ser – Retomada da Arte (dia 9/11, quarta, às 17h, saída do Teatro de Contêiner e 18h30 saída do Sesc Bom Retiro). Escrito por Ícaro Gaya (PA) e Silvana Rodrigues (RS).

Manifesto para Amanhã Ser – Retomada da Cidade (dia 10/11, quinta, às 17h saída da Casa do Povo e 18h30 saída do Sesc Bom Retiro). Escrito por Academia Transliterária (MG) e Trupe Teia (PA).

Manifesto para Amanhã Ser – Retomada da Palavra (dia 11/11, sexta, às 17h saída do Museu da Língua Portuguesa e 18h30 saída do Sesc Bom Retiro). Escrito por Shaira Mana Josy - Slam Dandara do Norte (PA) e Piê Souza (MG).

No Teatro do Sesc Bom Retiro, a Cia Mungunzá de Teatro, apresenta o espetáculo Epidemia Prata (de 10 a 13/11, quinta a sábado, 20h, e domingo, às 18h), espetáculo de 2018 com direção de Georgette Fadel, traz uma costura entre duas linhas narrativas: a visão pessoal dos atores sobre os personagens reais que conheceram em sua residência artística na chamada “Cracolândia”, e o Mito da Medusa, que transforma pessoas em estátuas. Repleto de imagens e predominantemente performático e sinestésico, o universo PRATA, no espetáculo, assume uma infinidade de conotações: sua cor é a cor da pedra de crack quando acesa, sua luz traz o brilho e a necessidade de ser visto por uma sociedade que ignora determinados guetos, sua designação é indicativo de riqueza, dinheiro. Transitando entre essas conotações, o elenco realiza uma infinidade de performances que vão desconstruindo personagens estigmatizados pela sociedade e compartilhando a sensação de petrificação diante de tudo. Ingressos R$ 12 (Credencial Plena), R$ 20 (Meia) e R$ 40 (Inteira). Classificação 14 anos.

Entre as atividades, o bate-papo online Dramaturgia para não esquecer, retomar e sonhar (08/11, terça, às 19h) reúne integrantes dos grupos para debater sobre os processos de criação dramatúrgica dos espetáculos "anonimATO" (Cia. Mungunzá de Teatro), "Manifestos para Amanhã Ser" (Zózima Trupe) e, "RESET Nordeste" e "RESET Brasil" (Coletivo Estopô Balaio e Grupo Carmim), abordando desejos, ideias e caminhos que aproximam as obras.

O Coletivo Estopô Balaio surgiu em 2011 no bairro Jardim Romano, na Zona Leste de São Paulo, e consolidou sua atuação no espaço público, propondo novas relações com a cidade e novas experiências de praticar a vida urbana. O grupo é formado por moradores do bairro Jardim Romano e artistas migrantes, vindos de estados do Nordeste, e trabalha com a perspectiva de arte em comunidade. A maioria dos artistas do Coletivo, atualmente, autodeclaram-se indígenas. O Coletivo encontrou no bairro Jardim Romano, extremo leste de São Paulo, um lugar de pertencimento e acolhimento e definiu seu endereço na rua Adobe, 47, onde instalou a Casa Balaio, que abriga diversos grupos, oficinas e espetáculos. Com repertório de espetáculos que acontecem nos vagões de trem e na rua, a exemplo de “A cidade dos rios invisíveis” que recebeu o prêmio Shell na categoria Inovação em 2020, o Coletivo frequentemente desenvolve trabalhos itinerantes, que utilizam a cidade como suporte de cenário e dramaturgia e com a perspectiva de biografar personagens reais e levá-los à cena.

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