Crítica: Peça 'As Três Marias' narra problemas ambientais sem parecer aula
Do Coletivo Estopô Balaio e do Núcleo Chicote de Língua, o espetáculo "As Três Marias" mostra a vida real e imaginada de três irmãs de mesmo nome que contam como é viver em uma rua alagada e esperar a volta da mãe para casa após o trabalho.
As personagens vigiam o outro lado da linha do trem, de onde a mãe surgirá. A monotonia da expectativa infantil é enfatizada pelo cenário escuro e redundante –um mar de guarda-chuvas do mesmo tom, mas que se move e suaviza os assuntos tratados.
Quando o tempo demora a passar, as garotas invocam a avó por meio das histórias de rio que ela sempre conta às netas. As lembranças são entremeadas pela descrição ou por comentários sobre a enchente que aconteceu.
A rua Artemis, em que as Marias moram, enche tanto quando chove que um vizinho transformou em barco a porta da geladeira.
A peça acerta ao abordar problemas socioambientais sem o recurso frequente de explicar conceitos de sustentabilidade no teatro como se fosse uma aula teórica.
Do meio para o final, a interpretação ganha ritmo, o que garante melhor compreensão do enredo. As canções ao vivo ajudam a narrá-lo.
As Marias vivem situações difíceis, mas a alegria está nos sonhos das três, que veem peixe-lua e estrelas virarem peixes-pirilampos.
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