Coletivo Estopô Balaio estreia ‘Reset Nordeste’, uma distopia que fala sobre xenofobia, invisibilização de indígenas e a racialização do nordestino
Online – Até o dia 4 de julho, segue em cartaz no Youtube da Zozima Trupe o espetáculo RESET NORDESTE, o novo espetáculo do Coletivo Estopô Balaio e o primeiro da Trilogia da Amnésia. A peça tem direção de Quitéria Kelly a partir de dramaturgia de Henrique Fontes e o elenco tem Ana Carolina Marinho, Anna Zêpa, Breno da Matta e Juão Nyn. A apresentação acontece em diversos equipamentos municipais virtuais da Secretaria Municipal de Cultura.
RESET NORDESTE acontece seguindo o histórico de atuação do grupo, em espaço específico de encenação, mas agora online. Foi criado um sistema interativo no site coletivoestopobalaio.com.br em que os espectadores poderão assistir DE DENTRO, imersos no sistema hackeado pelos personagens, mas também poderão ver o espetáculo DE FORA, para tanto, basta acessar as páginas dos equipamentos de cultura municipais listados abaixo.
RESET NORDESTE parte da premissa que no ano de 2032, o Nordeste some do mapa do Brasil e que, nessa distopia, quase ninguém se dá conta do sumiço.
Mazé, uma profissional de estatística, percebe e acredita que tem a mão de bandido gringo nessa tragédia. Mas como seria possível? O Nordeste teria sido afogado por inteiro? Seria um plano de dominação? A História já não guarda palavras sobre o território que sumiu. Seria um golpe? Uma ilusão coletiva? Mazé entra na dark web, na busca dessas respostas. Lá ela conhece Laura, Towe e Salda. Para descobrir, juntes eles/elas decidem hackear o sistema contra o próprio sistema.
O dispositivo do sumiço da região é um gatilho para a discussão sobre a invisibilização de diversas nações indígenas que compõem a região, sobre a naturalização de erros exploratórios e consequentemente repetidos, sobre a racialização da pessoa nordestina. Diante dos inúmeros e históricos ataques ao Nordeste, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, nascem as perguntas: até que ponto nós, enquanto sociedade, sabemos que o Nordeste é uma invenção com fins políticos, econômicos e sociais?
O SUMIÇO DO NORDESTE
Reset Nordeste é uma distopia que fala de um fato antigo – a xenofobia no país e o hábito de ainda se colocar nordestinos como cidadãos de segunda categoria”, conta Henrique Fontes, autor da peça.
O sumiço da região é um gatilho para a discussão sobre a invisibilização de diversas nações indígenas que compõem a região, sobre a naturalização de erros exploratórios consequentemente repetidos e sobre a racialização do nordestino. Diante dos inúmeros e históricos ataques ao Nordeste e aos nordestinos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, nascem as perguntas: até que ponto nós, enquanto sociedade, sabemos que o Nordeste é uma invenção com fins políticos, econômicos e sociais?
A diretora da montagem, Quitéria Kelly, conta que o trabalho nasce de uma proposta do grupo Carmin sobre o que há em torno da palavra Nordeste, assim como sua representação para o restante do Brasil. Ao juntar-se com membros da companhia Estopô Balaio, composta por alguns artistas nordestinos que residem em São Paulo, levantou-se essa nova perspectiva.
“No Nordeste há várias culturas apagadas, já que a região foi simbolizada por homens brancos, parte de uma elite açucareira que apagou do imaginário do povo a cultura indígena, a dos africanos que chegaram escravizados, a de judeus, entre muitas outras”, conta Quitéria. A diretora adianta também que o público terá participação direta na exibição da peça, caso queira colaborar com interação proposta por meio de questionários, quizzes e criação de avatares. “Dessa forma, eles contam história junto com a gente”, finaliza.
Este projeto tem o apoio da 35º edição de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.
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